sexta-feira, 8 de outubro de 2010
BO em delegacia e consulta em PS público...
Tenho uma adorável amiga escrivã de polícia, que, muito sabiamente, diz que fazer BO é como ir ao PS público: voce senta na frente de um funcionário público, que está de plantão, e portanto com aqueeeeela vontade de atender, fala, fala, fala, fala de seu problema, ele escreve algo que voce não entende num papel, te entrega, e voce sai feliz da vida achando que resolveu algo, e não resolveu nada. E o pior é que ela está certa. Eu fico piciroca da minha vida com essa história de fazer BO que não dá em nada, especialmente BO de esbulho possessório, de desobediência a ordem judicial e de ameaça. Quantas pessoas, em especial namoradas e ex-esposas, já foram mortas, mesmo tendo registrado sabe-se lá quantos BOs de ameaça, em plena vigência da lei Maria da Penha! E quantas invasões não se resolveriam se a polícia apenas intimasse o invasor a ir à delegacia explicar o que está fazendo num terreno que não é seu! E os filhos que são levados por pais que não têem a guarda legal e somem com as crianças, deixando o outro genitor desesperado! Ora, se a guarda já está definida, a polícia tem que ir buscar a criança, devolver para o genitor guardião e pronto, "punto e basta"! Mas não, voce relata o drama, o cara escreve, e nunca mais voce vai saber disso, talvez em alguns anos te chamem no fórum, para saber se voce quer dar continuidade ao caso. Até lá, voce já contratou advogado, ingressou com uma ação civil e provavelmente com uma cautelar também, ou já fez uma besteira, como bater em alguém, dar uns tiros pra assustar, ou sumiu no mundo, para evitar maiores transtornos. O que é compreensível. O que não é compreensível é o funcionário que te atende na delegacia, desde o plantonista até o delegado titular, não te explicar quais as consequências dos teus atos. Afinal, voce é leigo, ele é profissional. Quer um exemplo? Certo dia, estava eu esperando para registrar uma notícia crime (quem registra o BO é o escrivão, a mando do delegado), quando chegou uma mulher muito nervosa, dizendo que sabia onde estava a ladra que lhe roubara os documentos e os usara para fazer compras em diversas lojas da região, sujando seu crédito na praça. Exigiu que alguém, uma viatura, um policial, alguém, fosse ao local e a prendesse. O escrivão respondeu que não podia fazer isso. Ela quis saber porque. O escrivão não gostou de ser questionado, e insistiu que não poderia. E ela insistiu em querer saber o porque. Afinal, ele respondeu que ela, a vítima, deveria esperar o processo que seu primeiro BO havia iniciado. Ela redarguiu que se alguém fosse lá, veria as tvs e os aparelhos que a meliante havia comprado, além de possivelmente encontrar seus documentos e talvez de outras pessoas. E o escrivão respondeu que a coisa não funcionava assim. Aí ela disse que iria pessoalmente à casa da estelionatária, pegar os bens. E o escrivão então empostou a voz para dizer que teria que lhe dar voz de prisão, porque ela iria cometer um crime! Não é incrível isso? Brincadeira, mêu! Realmente é ilegal, mas era a única coisa prática que a pobre vítima poderia ter feito, já que, apesar dos pesados impostos que pagamos, não havia viatura nem policiais disponíveis para ir até lá fazer a averiguação. Não vamos nos perder em detalhes burocráticos legais, tais como mandados de busca e apreensão, pois a gente sabe que, se a porta for franqueada pelo morador, a polícia pode entrar (polícia civil e militar também). E quer saber, se eu fosse aquela vítima, além de ir na casa da ladra buscar as tvs que estavam em meu nome, ainda dava uns tapas nela, torcendo pra que ela chamasse a polícia. Quem sabe vinha?? Mas enfim, como o escrivão, do alto de sua autoridade (e talvez ignorância), não fez, eu acabei por instruí-la de como agir, ou seja, informar no processo criminal o paradeiro e requerer a imediata expedição de busca e apreensão dos bens e documentos, além de ingressar com ação civil, para receber o prejuízo e os danos morais, além de retirar o nome da coitada dos serviços de proteção ao crédito através de uma liminar (atitude esta, na realidade, a que interessava à pobre vítima). Agora me diz: custava o cara ter ensinado à coitada isso? Ela saía da delegacia, desobstruindo o ambiente, tomava uma atitude eficaz, que era a ação civil, e talvez nem tivesse registrado o primeiro BO, desobstruindo o burocrático sistema judiciário. Pois é, se pode complicar, pra que facilitar... O mais novo caso é o de um pai que está tentando reaver seus filhos, dos quais tem a guarda, já que a mãe é uma maluca, drogada e ameaçadora, que os levou para uma visita e não devolveu. As crianças estão perdendo aulas e o pai não pode se aproximar da casa da doida, que já lhe disse que vai matá-lo, o que é bem capaz, porque seu novo maridinho é traficante. O coitado fez o BO (é claaaaaaro...) de desobediência à ordem judicial, e o mais racional seria uma viatura ir buscar os meninos. Mas não ocorreu assim. Aí, o coitado pegou o papel, levou ao Conselho Tutelar, que disse não poder fazer nada, mas que está recebendo a despirocada, que pretende transferir as crianças para escola perto de sua casa. Então, o homem procurou o promotor do caso, que pegou o BO, mas disse que nada poderia ser feito (como não! o processo de guarda está na mão dele! e já faz quase um ano que nem o estudo psico-social foi feito, para atestar a doideira da mulher!!!). Por fim, ele acabou vindo falar comigo, que tive que fazer um novo processo, informando a desobediência e pedindo as crianças de volta, mas isso vai depender do promotor (aquele mesmo) e do juiz (também o mesmo) concordarem, e não pedirem nenhum estudo psico-social antes, e talvez, em alguns dias, a gente consiga retomar os meninos, se não for necessário força policial (aquela mesma) para ir buscá-los. Entendeu? A polícia não podia ter encurtado a história? E depois eu é que não posso orientar o cliente a rodar a baiana, invadir o barraco e tirar seus filhos na mão grande!!! Vai entender! Saudações acadêmicas!
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
um jeitinho "neymar" de ser...
Ô, saudade de postar no meu blog!! Mas sabe como é, mulher criativa, esposa que gosta de cozinhar e não gosta que lavem e passem as roupas dos seus, profissional detalhista, mãe de filho asmático, filha de infartada, irmã de ciumenta, amiga de muitos amigos, ufa! é muita coisa pra uma pessoa só!! Sem esquecer que não posso perder a novela! Mas agora cá estou, e as idéias borbulham em minha cabeça. Como tive que escolher uma, embora atrasada, não podia deixar de falar de algo que abalou os meios esportivos paulistanos: a briga de Neymar, do Santos, com seu treinador. Aliás, a briga dele sozinho, tendo o treinador por vítima. Muita gente se chocou, alguns defenderam, outros procuraram justificativas do tipo "ele é jovem, ganha muito, ainda vai amadurecer", o time e a imprensa se dividiu, enfim, uma polêmica foi gerada, como se esse tivesse sido um caso isolado na história do futebol brasileiro. A polêmica é sempre saudável. Os orientais adoram crises, pois sabem que as coisas antigas e velhas são chacoalhadas e questionadas, e coisas novas e potencialmente melhores sobreveem. E o que eu acho que essa polêmica suscitou é a velha questão de sempre: para onde vão nossos jovens? O que aconteceu com a educação, o respeito, a moral e a ética?
Quando digo que o fato não é novo, posso citar a recente reação de ira do famoso Leão, ex-goleiro lendário do Palmeiras e da seleção, que lhe custou uma sanção no tribunal desportivo. Ou um pouco menos recente, nosso inesquecível Romário, que aplicou um bem alto e claro "voce sabe com quem tá falando?", ao policial federal da alfândega, na reentrada no Brasil, na volta canpeã da copa do mundo, indignado por o estarem impedindo de entrar com objetos não permitidos por nossa legislação ou sem o pagamento dos devidos impostos. Até entendo sua atitude, afinal, como ele mesmo disse, ele ganhou a copa do mundo pra gente, o que custava deixar ele passar com alguns eletro eletronicos de última geração, perfumes e roupas, que ele comprou nos intervalos dos jogos na Europa. Ele não era um brasileiro qualquer, como nós, ora! Por isso, Neymar não é novidade. Esse jeitinho de ser não é exclusivo de um ou de outro. Mas resta saber porque acontece. Antes de tudo, esclareça-se que o que ocorre no esporte, é sempre julgado pelo tribunal desportivo, a não ser que ocorra algo muito grave, em termos de dano físico e material. Assim, cada jogador adversário, e o próprio treinador, atingido por um "filho-disso", "sua-mãe-é-aquilo", "vai-praquele-lugar", não vai à delegacia fazer BO, mas pede para anotar na súmula do jogo (uma espécie de relatório) o ocorrido, ou denúncia à Justiça Desportiva o fato. E as sanções dizem respeito ao esporte, como afastamento, suspensão, até expulsão e proibição de participar de jogos oficiais, pagamentos de multa e outros. Voltando ao fato "Neymar", devo dizer que, pessoalmente, não acredito nessa coisa de amadurecimento, pra uma situação dessas. O amadurecimento faz com que nos controlemos mais e não percamos a cabeça com tanta facilidade, e falo isso de cadeira, de experiência própria (digamos que cheguei àquela idade em que voce fica mais tolerante...). Mas o modo com que perdemos a cabeça, o que fazemos no furor da discussão, ah!, isso vem da educação. É claro que o rapaz é jovem, está sendo idolatrado, tá ganhando horrores de dinheiro, e que é normal ele se sentir superior, invencível, inatingível, irresistível. Mas veja bem, ele não só insurgiu-se contra seu superior (problemas claros com autoridade), mas pasmem, ofendeu um senhor mais velho!! Tá rindo, né, tá me achando piegas e brega, né? Mas pára pra pensar: quando foi que voce, com mais de trinta e cinco anos, se viu ofendendo uma autoridade ou uma pessoa mais velha? Quando? E se fez, com certeza voce era o desgosto da família, o desajustado que era melhor não levar a lugar nenhum, pra não passar vergonha, não era? E isso a pouco tempo atrás! Agora fala a verdade, quando foi que nós começamos a aceitar essas atitudes, a perdoar isso? A achar normal que um cara que acabou de fazer dezoito anos, só porque ganha muito e joga o mesmo tanto (descontando as firulas desnecessárias e as caidinhas forçadas), pode fazer festas com mulheres pagas, provocar os adversários de forma acintosa e ofensiva (diria mesmo antidesportiva), a rasgar a camisa do clube e mostrar o correntão prateado no pescoço, no momento de erguer a taça de campeão? Quando foi que o arrojo, a genialidade, a prodigialidade foram confundidas com permissão para falta de educação? E quando foi que a idade foi desculpa para essa mesma falta de educação? Amo futebol e tenho muito respeito pelo Santos. Posso compreender as exigências de um patrocinador, forçando a exibição de um seu patrocinado (bons tempos em que o dinheiro não era suficiente para suplantar os bons modos), e até mesmo a inflexibilidade de um treinador sério, coisas que dificultam bastante uma negociação. Posso compreender a permissividade e tolerância dos pais das novas gerações, que querem dar o de melhor aos seus filhos e evitar todos e quaisquer sofrimentos, por menor que sejam. Posso compreender a bagunça na cabeça desse garoto, como na do antigo Romário e de tantos outros, com tanto dinheiro, mulheres, fama, mídia. Posso compreender muitas coisas. Mas meu coração de mãe só consegue pensar numa única coisa: SUPERNANNY NELE!!! Saudações acadêmicas!
Quando digo que o fato não é novo, posso citar a recente reação de ira do famoso Leão, ex-goleiro lendário do Palmeiras e da seleção, que lhe custou uma sanção no tribunal desportivo. Ou um pouco menos recente, nosso inesquecível Romário, que aplicou um bem alto e claro "voce sabe com quem tá falando?", ao policial federal da alfândega, na reentrada no Brasil, na volta canpeã da copa do mundo, indignado por o estarem impedindo de entrar com objetos não permitidos por nossa legislação ou sem o pagamento dos devidos impostos. Até entendo sua atitude, afinal, como ele mesmo disse, ele ganhou a copa do mundo pra gente, o que custava deixar ele passar com alguns eletro eletronicos de última geração, perfumes e roupas, que ele comprou nos intervalos dos jogos na Europa. Ele não era um brasileiro qualquer, como nós, ora! Por isso, Neymar não é novidade. Esse jeitinho de ser não é exclusivo de um ou de outro. Mas resta saber porque acontece. Antes de tudo, esclareça-se que o que ocorre no esporte, é sempre julgado pelo tribunal desportivo, a não ser que ocorra algo muito grave, em termos de dano físico e material. Assim, cada jogador adversário, e o próprio treinador, atingido por um "filho-disso", "sua-mãe-é-aquilo", "vai-praquele-lugar", não vai à delegacia fazer BO, mas pede para anotar na súmula do jogo (uma espécie de relatório) o ocorrido, ou denúncia à Justiça Desportiva o fato. E as sanções dizem respeito ao esporte, como afastamento, suspensão, até expulsão e proibição de participar de jogos oficiais, pagamentos de multa e outros. Voltando ao fato "Neymar", devo dizer que, pessoalmente, não acredito nessa coisa de amadurecimento, pra uma situação dessas. O amadurecimento faz com que nos controlemos mais e não percamos a cabeça com tanta facilidade, e falo isso de cadeira, de experiência própria (digamos que cheguei àquela idade em que voce fica mais tolerante...). Mas o modo com que perdemos a cabeça, o que fazemos no furor da discussão, ah!, isso vem da educação. É claro que o rapaz é jovem, está sendo idolatrado, tá ganhando horrores de dinheiro, e que é normal ele se sentir superior, invencível, inatingível, irresistível. Mas veja bem, ele não só insurgiu-se contra seu superior (problemas claros com autoridade), mas pasmem, ofendeu um senhor mais velho!! Tá rindo, né, tá me achando piegas e brega, né? Mas pára pra pensar: quando foi que voce, com mais de trinta e cinco anos, se viu ofendendo uma autoridade ou uma pessoa mais velha? Quando? E se fez, com certeza voce era o desgosto da família, o desajustado que era melhor não levar a lugar nenhum, pra não passar vergonha, não era? E isso a pouco tempo atrás! Agora fala a verdade, quando foi que nós começamos a aceitar essas atitudes, a perdoar isso? A achar normal que um cara que acabou de fazer dezoito anos, só porque ganha muito e joga o mesmo tanto (descontando as firulas desnecessárias e as caidinhas forçadas), pode fazer festas com mulheres pagas, provocar os adversários de forma acintosa e ofensiva (diria mesmo antidesportiva), a rasgar a camisa do clube e mostrar o correntão prateado no pescoço, no momento de erguer a taça de campeão? Quando foi que o arrojo, a genialidade, a prodigialidade foram confundidas com permissão para falta de educação? E quando foi que a idade foi desculpa para essa mesma falta de educação? Amo futebol e tenho muito respeito pelo Santos. Posso compreender as exigências de um patrocinador, forçando a exibição de um seu patrocinado (bons tempos em que o dinheiro não era suficiente para suplantar os bons modos), e até mesmo a inflexibilidade de um treinador sério, coisas que dificultam bastante uma negociação. Posso compreender a permissividade e tolerância dos pais das novas gerações, que querem dar o de melhor aos seus filhos e evitar todos e quaisquer sofrimentos, por menor que sejam. Posso compreender a bagunça na cabeça desse garoto, como na do antigo Romário e de tantos outros, com tanto dinheiro, mulheres, fama, mídia. Posso compreender muitas coisas. Mas meu coração de mãe só consegue pensar numa única coisa: SUPERNANNY NELE!!! Saudações acadêmicas!
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