Tanta coisa aconteceu neste menos de um mês: as tragédias naturais no Rio de Janeiro (principalmente), o ministério da dona Dilma, a volta da polêmica discussão da maioridade penal, o fim da novela com a Clara se dando bem... tantas coisas pra comentar. Tenho que falar do Rio, porque aquilo me abalou de um jeito, e me faz orar por aquelas pessoas até hoje, e me deixa tão inconformada que...que...que sei lá! A raiva é tanta que nem dá pra explicar! Meu Deus, ninguém viu que aquilo podia acontecer? Mesmo depois da tragédia de Angra, que pareceu ser um aviso? Será que esses políticos não estão entendendo que o clima JÁ MUDOU? HELLO-O!!! Nunca, jamais na minha vida, eu gostei de frequentar cidades construídas em vales. Só aquela imagem das montanhas em volta, e voce confinado num berço de rochas, isso já me sufoca, e olha que nem tenho claustrofobia! Como é que um desgraçado, com a obrigação profissional, a função pública de zelar pelo bem-estar das pessoas, não se questiona se um evento dessa magnitude pode acontecer? Ora, é tão simples, é só somar muita chuva + muita terra molhada + encostas íngremes de rocha + cidade na direção das corredeiras!! Meu pai do céu, que horror! E por falar em pai, o meu, que era um anarquista até o último naco de pele, sempre me ensinou a jamais confiar em politicos. Se voce dissesse a ele "pode confiar, o governo disse que está tudo bem", ele respondia "e quem disse isso pro governo?". Viu como ele tava certo? Acomodação, falta de responsabilidade, falta de respeito, falta de ética, falta de profissionalismo. Previsão metereológica que diz "possibilidade de chuvas moderadas a intensas", a defesa civil que nem olha pro céu pra ver as nuvens, ou pra terra pra ver sua saturação de água, e os próprios cidadãos que acreditam em tudo, principalmente quando dizem que está tudo bem. Que tragédia! Nenhum filme americano descreveu uma tragédia como essa, nenhum efeito especial traduziria aquele horror! Me embrulha o estômago pensar naqueles bebes e crianças sendo tragadas por uma onda de lama de seis metros, sendo trucidadas pelas pedras e troncos de dentro da onda. Cada cidadão atingido deveria exigir judicialmente a indenização moral e material por suas perdas, lutar até o fim, responder a todos os recursos que o Estado obriga seus procuradores a fazerem, esperar décadas sem fim pelo resultado definitivo, e mais décadas sem fim por precatórios e outras invencionices do governo pra não pagar, mas não desistir jamais. Ainda que a indenização fique para algum herdeiro (se ainda os tiver), ainda que, quando o dinheiro chegue, sua vida já tenha sido reconstruída, a duras penas e amargas lágrimas, mas exigir. O dinheiro não vai trazer seus queridos de volta, não, não vai, mas vai ensinar o Estado a ser responsável e eficiente, previdente. O Estado, como um todo, nos presta serviços, ele não manda em nós! Ele regula nossas relações, para vivermos bem, justamente porque seu serviço é este: cuidar para que vivamos bem. E essa é a exigência que devemos fazer. Se compramos algo que tem defeito, nós não devolvemos? Se a mão-de-obra contratada é ruim, não pedimos o dinheiro de volta? Se algo nosso é estragado por negligência, não cobramos o estrago de quem estragou? Então, assim deve ser! Se tem uma coisa boa em filme americano, aliás a única coisa, além dos efeitos especiais, é que o herói nunca confia no governo, ele sempre salva todo mundo porque desconfiou daquilo que convenceu a todos. Vamos confiar em nós e exigir eficiência de quem tem obrigação. Quem sabe não precisaremos mais ouvir que a culpa é de São Pedro, das chuvas, do El Niño, da El Niña, de Pedro Álvares Cabral, ou sei lá mais quem!
Mudando de assunto: e o problema da maioridade penal, hein? Que caroço! Tem gente falando de baixar de 18 pra 16, pra 14, e até pra 12 anos! Já imaginou? Tem gente que argumenta que nos EUA as crianças são processadas como se adultos fossem, que tem que prender e jogar na cadeia todo mundo, que tem que fuzilar, que tem que... Por que os brasileiros gostam de citar os EUA como exemplo? Lá vive tendo homicídio, chacina em escola e festa, marido que mata a mulher, os filhos e a sogra (ok, vai ter gente dizendo que a sogra tudo bem...), torturas, filhos de estupros incestuosos, presidente que é "impeachicado" por causa de uma ch....inha embaixo da mesa de trabalho, celebridade caindo de bêbada e drogada (e sem calcinha!) dizendo que a culpa é da mãe, polícia espancando suspeito em rede nacional. E a gente acha "mó legal" aquelas perseguições de carros, tiroteio, tudo sendo destruído. Sei lá, não entendo essa referência. Mas tudo bem, cada um com seu cada qual. Alguém que lê esse blog e acha que tem que espancar e prender até a eternidade já foi preso? Não precisa se ofender, pode ser por uma besteira, como não pagar pensão alimentícia ou brigar com a sogra (sempre ela!), só por uma noite. Ou esse alguém já leu a lei de execuções penais, sabe o que ela significa? Pois é! Sabe o que significa falar que vai pegar um garoto de 14 anos e jogar na prisão? Então... Eu até nem seria contra baixar a idade penal para 16 anos. Eu acho muito arriscado voce processar criminalmente um cara de 17 anos por estupro seguido de homicídio, ele receber uma pena de internação na Fundação Casa por tempo indeterminado e ele não cumprir porque já passou dos 18 anos quando da sentença, ou ficar pouco tempo, porque poderá ficar retido só até os 21. É, eu também acho que ele deveria ficar mais tempo do que estes 4 anos sob custódia do Estado. Mas se a gente jogar esse cara de 17 anos numa prisão com um monte de marmanjo do crime organizado, o que vai ser? E se o cara tiver 14 anos e estivesse fazendo um traficozinho no bairro, pros colegas de escola? Vai ficar no meio dos marmanjos do crime organizado? E se tivesse 12 e a tara dele fosse furtar carro pra sair dando rolê, porque o pai não deixa pegar o Ford Fusion, porque "quem tem fez por merecer"? No meio dos marmanjos??? Quem vai garantir a integridade física e mental desse carinha? Os marmanjos do crime organizado? Viu como é complicado? Ah, mas é só construir uma instituição para aquela faixa etária! Ok! Voce sabia que as cadeias públicas servem só pro cara aguardar julgamento, e tem montanhas de pessoas (credo, lembrei do Rio) cumprindo pena, porque o sistema não se lembra de tirar elas de lá, ou não tem vagas em outro lugar mais adequado? Voce sabia que, mesmo quando o Jornal da Globo não noticia, tem gente sendo morta na cadeia, porque não tem espaço pra todos dormirem? E pasmem: quem morre não é o assassino cruel, o bandidão, é o carinha bunda-mole que vendeu um baseadinho de maconha, ou que furtou um carro, ou que é tão franzino que é fácil de dominar fisicamente. Eu acho que, como não dá pra consertar tudo de uma vez e rápido, o melhor seria não mudar a idade penal, mas criar um sistema de reavaliação de periculosidade e amadurecimento (sério, de verdade, não de mentirinha, pra cumprir horário de trabalho) quando o garoto chega aos 18 na Fundação Casa, e manter a internação por tempo indeterminado, se o caso, até além dos 21 anos, em estabelecimento adequado à idade, com possibilidade até de ir para uma penitenciária comum depois dos 21. Já se faz isso em casos em que se detectam distúrbios mentais nos menores, e o internado vai para casas de custódia e tratamento quando atinge a maioridade. O outro lado seria reavaliar o sistema como um todo, desde o modo truculento dos policiais (inclusive com as vítimas), o descaso de alguns juízes, promotores e advogados, a negligência de peritos, a ineficiência dos estabelecimentos penais e o total descumprimento, sempre pelo Estado, das determinações legais da Lei de Execuções Penais, por tratar assuntos tão delicados como produtos de atacado. Mas isso já é uma outra história, bem mais longa e complicada!
Por fim, a Clara, ah, a Clara... E não é que ela se deu bem? Não é que o Totó ressurgiu das cinzas, e o Saulo, além de ladrão, era pedófilo e assassino, o Diogo era policial (eficiente, igual aos filmes americanos), e a coisa se desenrolou de um jeito que eu tô confusa e inconformada até agora! Por que o Fred se ferrou e a Clara se deu bem? Só por que ela ficou com traumas dos abusos sofridos, então ela pode matar? E afinal, ela dava pro velho Eugênio também, e por isso concordou em ajudar a matá-lo? Gente, horrível, cheio de impossibilidades e balelas jurídicas! Mas enfim, novela é novela. Mas tem uma coisa que é minha obrigação colocar na roda de discussão: afinal, quando o Fred chamava a Clara de branquela, ele estava sendo preconceituoso quanto à cor da pele dela? Poderia ser chamado de racista? E entraria na tipificação do crime de preconceito quanto à cor e raça? Hein??!!
Saudações acadêmicas!
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
sábado, 1 de janeiro de 2011
FELIZ ANO VELHO!
Sou otimista. Sempre. Até quando o copo está meio vazio. Mas sempre otimista. E existe momento melhor para o otimismo do que a virada de um novo ano? Com todas as crendices, simpatias, tradições? A queima de fogos chinesa, pra espantar maus espíritos, o banho de mar pra limpeza da alma da umbanda e do candomblé, as lentilhas e uvas europeias pra trazer dinheiro, o champanhe, as flores, as cores, tudo? É muito bom, injeta ânimo novo nesse cotidiano tão massacrante, e a gente até acredita que as coisas possam melhorar, por força de uma intervenção divina. Pra mim, o ano de 2010 foi pesado e triste, tive muitas perdas importantes, a ponto de fazer com que os ganhos quase não fossem tão importantes assim. Foi com alívio que arrumei a casa (com a cor amarela, afinal é a cor do anjo e do signo regente), preparei meu tradicional peixe assado (que nada sempre pra frente, e atrai sucesso e dinheiro) e estourei meu champanhe vendo os fogos da praia dando adeus a esses 365 dias pra nunca mais! Minha família toda junta (ou o que ainda sobrou dela), todos saudosos, mas tranquilos, esperançosos de que essa mesma família volte a crescer e fique sempre junta, pois isso é o que realmente importa. Importa mais do que o risco de novas enchentes e tsunamis, desmoranamentos e terremotos, novas cpmfs e altas de juros, contração do mercado e descontração na política, enfim, de todo esse entorno que não passa disso mesmo, entorno, enquanto que o central é isso: amor, saúde e paz. É o que eu desejo a todos, amigos e desconhecidos, afetos e desafetos, homens, mulheres, crianças e seus bichinos, todos: AMOR, SAÚDE E PAZ! E muita luz, pra entender o que está aí! Saudações acadêmicas!
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