terça-feira, 21 de junho de 2011

Mais uma sentença boa! Aliás, boa não, ótima!

Sentença inusitada de um juiz, poeta e realista.

Esta aconteceu em Minas Gerais (Carmo da Cachoeira). O juiz Ronaldo Tovani, 31 anos, substituto da comarca de Varginha, ex-promotor de justiça, concedeu liberdade provisória a um sujeito preso em flagrante por ter furtado duas galinhas e ter perguntado ao delegado:
"desde quando furto é crime neste Brasil de bandidos? "
O magistrado lavrou então sua sentença em versos:No dia cinco de outubro
Do ano ainda fluente
Em Carmo da Cachoeira
Terra de boa gente
Ocorreu um fato inédito
Que me deixou descontente.

O jovem Alceu da Costa
Conhecido por "Rolinha"
Aproveitando a madrugada
Resolveu sair da linha
Subtraindo de outrem
Duas saborosas galinhas.

Apanhando um saco plástico
Que ali mesmo encontrou
O agente muito esperto
Escondeu o que furtou
Deixando o local do crime
Da maneira como entrou.

O senhor Gabriel Osório
Homem de muito tato
Notando que havia sido
A vítima do grave ato
Procurou a autoridade
Para relatar-lhe o fato.

Ante a notícia do crime
A polícia diligente
Tomou as dores de Osório
E formou seu contingente
Um cabo e dois soldados
E quem sabe até um tenente.

Assim é que o aparato
Da Polícia Militar
Atendendo a ordem expressa
Do Delegado titular
Não pensou em outra coisa
Senão em capturar.

E depois de algum trabalho
O larápio foi encontrado
Num bar foi capturado
Não esboçou reação
Sendo conduzido então
À frente do Delegado.

Perguntado pelo furto
Que havia cometido
Respondeu Alceu da Costa
Bastante extrovertido
Desde quando furto é crime
Neste Brasil de bandidos?

Ante tão forte argumento
Calou-se o delegado
Mas por dever do seu cargo
O flagrante foi lavrado
Recolhendo à cadeia
Aquele pobre coitado.

E hoje passado um mês
De ocorrida a prisão
Chega-me às mãos o inquérito
Que me parte o coração
Solto ou deixo preso
Esse mísero ladrão?

Soltá-lo é decisão
Que a nossa lei refuta
Pois todos sabem que a lei
É prá pobre, preto e puta...
Por isso peço a Deus
Que norteie minha conduta.

É muito justa a lição
Do pai destas Alterosas.
Não deve ficar na prisão
Quem furtou duas penosas,
Se lá também não estão presos
Pessoas bem mais charmosas.

Afinal não é tão grave
Aquilo que Alceu fez
Pois nunca foi do governo
Nem seqüestrou o Martinez
E muito menos do gás
Participou alguma vez.

Desta forma é que concedo
A esse homem da simplória
Com base no CPP
Liberdade provisória
Para que volte para casa
E passe a viver na glória.

Se virar homem honesto
E sair dessa sua trilha
Permaneça em Cachoeira
Ao lado de sua família
Devendo, se ao contrário,
Mudar-se para Brasília!!!

domingo, 12 de junho de 2011

como deveriam ser os políticos brasileiros...

Olha que matéria interessante uma amiga me mandou! Fiquei meio incrédula e resolví entrar no site da câmara dos deputados federais (endereço eletrônico na lista de sites do meu blog, aí ao lado), pra dar uma espiadinha se é real o desapego financeiro deste deputado federal, ou se era só golpe de marketing, e pra ver se ele está fazendo algo mais do que só deixar de receber o estratosférico numerário extra a que teria "direito" por ser deputado federal. Pois não é que tive uma grata surpresa? Não só é verdade o que está relatado na matéria da ISTOÉ, como ele tem uma série de projetos de lei de sua autoria, com conteúdos muuuuuiiiiiiito interessantes para nós, cidadãos trabalhadores, tramitando na casa! Inclusive, projetos que pretendem abaixar o valor ou excluir estes malditos extras que os políticos recebem, com diversos títulos. Ele é economista, e está mostrando a que veio. Fiquei tão empolgada, que mandei um e-mail pra ele e me cadastrei no site da câmara, para poder receber todos os andamentos de projetos que estão na casa ou que vierem a ser apresentados. Taí a dica pra quem quiser cumprir sua parte nesta conjuntura política (além do voto, a vigilância sobre seu candidato é uma maneira eficaz de participar), e para se atualizar sobre o que estes lobos em pele de ovelha fazem conosco e nosso suado dinheirinho. Entrem no link para ver a entrevista, vale a pena, dá raiva, mas vale a pena! Saudações acadêmicas!

Estreou como o exemplo de político que eu mereço. E você, merece?
 E merece ser reeleito, sempre!

O deputado federal José Antonio Reguffe (PDT-DF), que foi proporcionalmente o mais bem votado do país com 266.465 votos, com 18,95% dos votos válidos do DF, estreou na Câmara dos Deputados fazendo barulho. De uma tacada só, protocolou vários ofícios na Diretoria-Geral da Casa.

 
Abriu mão dos salários extras que os parlamentares recebem (14° e 15° salários), reduziu sua verba de gabinete e o número de assessores a que teria direito, de 25 para apenas 9. E tudo em caráter irrevogável, nem se ele quiser poderá voltar atrás. Além disso, reduziu em mais de 80% a cota interna do gabinete, o chamado “cotão”. Dos R$ 23.030 a que teria direito por mês, reduziu para apenas R$ 4.600.
Segundo os ofícios, abriu mão também de toda verba indenizatória, de toda cota de passagens aéreas e do auxílio-moradia, tudo também em caráter irrevogável. Sozinho, vai economizar aos cofres públicos mais de R$ 2,3 milhões (isso mesmo R$ 2.300,000) nos quatro anos de mandato. Se os outros 512 deputados seguissem o seu exemplo, a economia aos cofres públicos seria superior a R$ 1,2 bilhão.
“A tese que defendo e que pratico é a de que um mandato parlamentar pode ser de qualidade custando bem menos para o contribuinte do que custa hoje. Esses gastos excessivos são um desrespeito ao contribuinte. Estou fazendo a minha parte e honrando o compromisso que assumi com meus eleitores”, afirmou Reguffe em discurso no plenário.



 
Repasse  a quem você puder, pois a dignidade deste Sr. José Antonio Reguffe é respeitável, louvável e exemplar, senão diria, atitude raríssima no nosso meio político!
Mais informações na ISTO É:

quinta-feira, 9 de junho de 2011

se non è vero, è ben trovato!

Não sei se é dele mesmo ou não, mas é ótimo! E se não for verídico, não está muito longe de ser... Saudações acadêmicas!

O BRASIL EXPLICADO EM GALINHAS
Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro e o levaram para a delegacia.

       D - Delegado
       L – Ladrão

D - Que vida mansa, heim, vagabundo? Roubando galinha para ter o que comer sem precisar trabalhar. Vai para a cadeia!

       L - Não era para mim não. Era para vender.

       D - Pior, venda de artigo roubado... Concorrência desleal com o comércio estabelecido. Sem-vergonha!

       L - Mas eu vendia mais caro.

       D - Mais caro?

       L - Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas galinhas não. E que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as minhas botavam ovos marrons.

       D - Mas eram as mesmas galinhas, safado.

       L - Os ovos das minhas eu pintava.

       D - Que grande pilantra... (mas já havia um certo respeito no tom do delegado..... )

       D - Ainda bem que tu vai preso. Se o dono do galinheiro te pega...

       L - Já me pegou. Fiz um acerto com ele. Me comprometi a não espalhar mais boato sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de galinheiros a entrar no nosso esquema. Formamos um oligopólio.. Ou, no caso, um ovigopólio..

       D - E o que você faz com o lucro do seu negócio?

       L - Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas. Comprei alguns deputados. Dois ou três ministros. Consegui exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.

       O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada. Depois perguntou:

       D - Doutor, não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está milionário?

       L - Trilionário. Sem contar o que eu sonego de Imposto de Renda e o que tenho depositado ilegalmente no exterior...

       D - E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?

       L - Às vezes. Sabe como é.

       D - Não sei não, excelência. Me explique.

       L - É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. O risco, entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão, e isso é excitante. Como agora fui preso, finalmente vou para a cadeia. É uma experiência nova.

       D - O que é isso, excelência? O senhor não vai ser preso não.

       L - Mas fui pego em flagrante pulando a cerca do galinheiro!

       D - Sim. Mas primário, e com esses antecedentes. ..

 
      Luis Fernando Veríssimo.

domingo, 5 de junho de 2011

A impunidade é diretamente proporcional à falta de civilização.

Em dias de prisão de Pimenta Neves (uma prisão que não vai resolver nada, depois de onze anos em liberdade, e que prova que a maioria das apelações é só protelatória, pois se sabe que o resultado demorará décadas e costuma não mudar nada), de novas incursões da polícia em favelas que já estariam "pacificadas", de mais policiais assassinados (sabe-se lá o porquê, se vingança ou acerto de contas), de polícia federal desacreditada, e de outras tantas coisas que a gente nem se horroriza mais, esse texto traz uma comparação que nós, amortecidos pelo descrédito, deveríamos fazer a cada segundo de nossa existência brasileira. Esse velho crime, travestido de novo escândalo, e que já encontra respaldo e proteção no próprio "establishment", deveria ser repudiado como o estupro que serve de comparação, porque é isso que esse crime é: um estupro à nossa confiança, ao nosso voto, ao nosso credo, à nossa ingenuidade, ao suor nosso de todas as imensuráveis horas trabalhadas para dar dinheiro a quem deveria gerí-lo para nos garantir e aos nossos filhos saúde, educação e segurança. Saudações acadêmicas.

O caseiro do Piauí e a camareira da Guiné

Nascido no Piauí, Francenildo Costa era caseiro em Brasília. Em 2006,
depois de confirmar que Antonio Palocci frequentava regularmente a
mansão que fingia nem conhecer, teve o sigilo bancário estuprado a
mando do ministro da Fazenda.
Nascida na Guiné, Nafissatou Diallo mudou-se para Nova York em 1998 e
é camareira do Sofitel há três anos. Domingo passado, enquanto
arrumava o apartamento em que se hospedava Dominique Strauss-Kahn, foi
estuprada pelo diretor do FMI e candidato à presidência da França.
Consumado o crime em Brasília, a direção da Caixa Econômica Federal
absolveu liminarmente o culpado e acusou a vítima de ter-se
beneficiado de um estranho depósito no valor de R$ 30 mil. Francenildo
explicou que o dinheiro fora enviado pelo pai. Por duvidar da palavra
do caseiro, a Polícia Federal resolveu interrogá-lo até admitir, horas
mais tarde, que o que disse desde sempre era verdade.
Consumado o crime em Nova York, a direção do hotel chamou a polícia,
que ouviu o relato de Nafissatou. Confiantes na palavra da camareira,
os agentes da lei descobriram o paradeiro do hóspede suspeito e
conseguiram prendê-lo dois minutos antes da decolagem do avião que o
levaria para Paris ─ e para a impunidade perpétua.
Até depor na CPI dos Bingos, Francenildo, hoje com 28 anos, não sabia
quem era o homem que vira várias vezes chegando de carro à “República
de Ribeirão Preto”. Informado de que se tratava do ministro da
Fazenda, esperou sem medo a hora de confirmar na Justiça o que dissera
no Congresso. Nunca foi chamado para detalhar o que testemunhou. Na
sessão do Supremo Tribunal Federal que julgou o caso, ele se ofereceu
para falar. Os juízes se dispensaram de ouvi-lo. Decidiram que Palocci
não mentiu e engavetaram a história.
Depois da captura de Strauss, a camareira foi levada à polícia para
fazer o reconhecimento formal do agressor. Só então descobriu que o
estuprador é uma celebridade internacional. A irmã que a acompanhava
assustou-se. Nafissatou, muçulmana de 32 anos, disse que acreditava na
Justiça americana. Embora jurasse que tudo não passara de sexo
consensual, o acusado foi recolhido a uma cela.
Nesta quinta-feira, Francenildo completou cinco anos sem emprego fixo.
Palocci completou cinco dias de silêncio: perdeu a voz no domingo,
quando o país soube do milagre da multiplicação do patrimônio. Pela
terceira vez em oito anos, está de volta ao noticiário
político-policial.
Enquanto se recupera do trauma, a camareira foi confortada por um
comunicado da direção do hotel: “Estamos completamente satisfeitos com
seu trabalho e seu comportamento”, diz um trecho. Nesta sexta-feira,
depois de cinco noites num catre, Strauss pagou a fiança de 1 milhão
de dólares para responder ao processo em prisão domiciliar. Até o
julgamento, terá de usar uma tornozeleira eletrônica.
Livre de complicações judiciais, Palocci elegeu-se deputado, caiu nas
graças de Dilma Rousseff e há quatro meses, na chefia da Casa Civil,
faz e desfaz como primeiro-ministro. Atropelado pela descoberta de que
andou ganhando pilhas de dinheiro como traficante de influência, tenta
manter o emprego. Talvez consiga: desde 2003, não existe pecado do
lado de baixo do equador. O Brasil dos delinquentes cinco estrelas é
um convite à reincidência.
Enlaçado pelo braço da Justiça, Strauss renunciou à direção do FMI,
sepultou o projeto presidencial e é forte candidato a uma longa
temporada na gaiola. Descobriu tardiamente que, nos Estados Unidos,
todos são iguais perante a lei. Não há diferenças entre o hóspede do
apartamento de 3 mil dólares por dia e a imigrante africana incumbida
de arrumá-lo.
Altos Companheiros do PT, esse viveiro de gigolôs da miséria, recitam
de meia em meia hora que o Grande Satã ianque é o retrato do triunfo
dos poderosos sobre os oprimidos. Lugar de pobre que sonha com o
paraíso é o Brasil que Lula inventou. Colocados lado a lado, o caseiro
do Piauí e a camareira da Guiné gritam o contrário.
Se tentasse fazer lá o que faz aqui, Palocci teria estacionado no
primeiro item do prontuário. Se escolhesse o País do Carnaval para
fazer o que fez nos Estados Unidos, Strauss só se arriscaria a ser
convidado para comandar o Banco Central. O azar de Francenildo foi não
ter tentado a vida em Nova York. A sorte de Nassifatou foi ter
escapado de um Brasil que absolve o criminoso reincidente e castiga
quem comete o pecado da honestidade.